quarta-feira, 3 de agosto de 2011
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Estudos Biblicos
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Lc.5:27-32
Com certeza Mateus já havia ouvido falar de Jesus; A
pregação de João batista declarando a todos que Ele era o cordeiro de
Deus, não do templo.
O endemoniado liberto na sinagoga de Cafarnaum, escândalo para os rabinos.
A pesca milagrosa no lago de Genesaré, que incluiu os do outro barco.
A discreta cura do leproso, sem as performances neo-pentecostais.
O paralitico que se levantou diante de todos em cura e perdão, o que gerou loucura na religião.
De
modo que tudo isso vai gerando na mente de Mateus expectativas acerca
de Jesus. Especialmente porque ele, Mateus, vivia na berlinda, em cima
do muro; por um lado ele odiava o império, queria ver o fim dele, mas
por outro lado dependia do império, era assalariado por ele, empregado
de Roma.
E é aí nesse contexto socioeconômico, de opressão e
dependência que Jesus chega e diz: “Segue-me.” Ao que Mateus prontamente
largou tudo e seguiu a Jesus.
Ora, tudo o que Mateus queria era largar tudo, só não largara ainda
porque esse “tudo” era tudo o que ele tinha, e sem esse tudo ele não era
ninguém.
Os judeus o odiavam, pois era insuportável "ver um dos nossos", no caso
dos deles, trabalhando contra Israel a serviço de Roma.
Portanto a vida de Mateus só fazia sentido no sentido que era atribuído a
ele pelo império romano. Ele era cobrador de impostos e fora isso ele
não era nada.
Ele já não era mais visto como um ser-humano, mas como um ser-servidor.
Não era mais bem vindo na sinagoga, na feira, no templo, nas festas, até
as ofertas dele eram vistas com maus olhos. Até mesmo o nome dele fora
relativizado, visto que todos o conheciam como Levi.
Isso que eu digo tanto é verdade que quando ele da uma festa pra Jesus,
os convidados são todos colegas de trabalho, todos cobradores de
impostos como ele, o que indica que fora esses ele quase não se
relacionava com mais ninguém.
Ele não tinha amigos fora do arraial da profissão. Mateus não sabia mais
se relacionar com quem não fosse do ambiente profissional.
Com o passar do tempo, com tanta solidão, rejeição, e homofobia vai
sendo gerado no coração dele o desejo de sair disso tudo. Afinal de
contas quem é que suporta passar todos os dias da vida sem viver, sem se
alegrar, chega uma hora que a alma diz basta, e o que surge na mente é
ódio; ódio do trabalho, ódio de Roma, ódio dos colegas, ódio de si
mesmo, ódio do mundo, e tudo o que se quer nessa hora é largar tudo, mas
não dá pois esse tudo embora não signifique nada é tudo o que se tem.
E é nessa hora, que traz consigo a soma de todas as horas, vividas e não
vividas, mas que já são temidas antes de serem; que o Messias vem;
Vêm pra João batista, pros endemoninhados, pro paralitico, e vêm pra ele; “segue-me”.
Era tudo o que Mateus precisava ouvir. O convite do evangelho, o apelo irresistível da graça.
O seguir a Jesus traz para Mateus não uma saída, ou uma solução mágica,
mas oferece a ele a alternativa de SER alguém em Deus. Mateus descobre
que na casa do Pai há muitas moradas, e de certo uma morada pra ele.
Mateus discerne a possibilidade de ser alguém além da função, do cargo,
de se relacionar, celebrar, e voltar a viver a própria vida.
Em Jesus ele volta a ser gente outra vez, sua auto-estima e dignidade
são devolvidas, ele agora sabe o que é ter amigos, e, sobretudo o que é
ter Jesus como amigo.
Mas Mateus não é desses que ficam enclausurados no grande achado. Ele
não só segue a Jesus, como também leva outros a segui-lo;
Ele dá uma festa pra Jesus e convida a turma lá da firma pra participar.
E assim o segue-me de Jesus, pessoal e objetivo passa a ter um
significado coletivo e de possibilidades diversas. É por isso que o
impulso natural de todos aqueles que são encontrados pela graça é o de
cooperar para que outros venham a ter este encontro. E é quando o seguir
a Jesus adquire contornos de expressões publicas e festivas, que
aparece a religião carregada de ciúmes e preconceitos, porque Mateus
recebeu cura e graça fora da tutela dela.
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